Postagens

Postagem em destaque

OS TRÊS INSTRUMENTOS DA MORTE - Conto Clássico de Mistério - G. K. Chersterton

Imagem
  OS TRÊS INSTRUMENTOS DA MORTE G. K. Chersterton (1874 – 1936) Tradução de autor anônimo do séc. XX.   Tanto por causa de sua profissão, como por estar convencido, o padre Brown sabia melhor do que qualquer de nós que a morte dignifica o homem. Contudo, teve um sobressalto quando, ao amanhecer, vieram dizer-lhe que Sir Aaron Armstrong tinha sido assassinado. Havia algo de incongruente e absurdo na ideia de que uma figura tão agradável e popular tivesse a menor ligação com a violência brutal do assassínio. Porque Sir Aaron Armstrong era amável até ao excesso e sua popularidade era quase lendária. Parecia uma coisa tão impossível como imaginar-se que “Sunny Jim” se enforcara ou que o pacífico “Mr. Pickwick”, de Dickens, se matara no manicômio de Hanwell. Porque, apesar de Sir Aaron, como filantropo que era, ter de conhecer o lado negro de nossa sociedade, orgulhava-se de fazê-lo da maneira mais brilhante possível. Seus discursos políticos e sociais eram cascatas de anedotas e

O FANTASMA DO MOSTEIRO - Conto Pseudo-sobrenatural - Daniel Deföe

Imagem
  O FANTASMA DO MOSTEIRO Daniel Deföe (1660 – 1731) Tradução de Paulo Soriano   A noção de que os espíritos aparecem para revelar onde algum dinheiro foi enterrado, orientando as pessoas a escavá-lo, tem prevalecido tão universalmente entre as mulheres — e eu poderia dizer até mesmo entre toda a humanidade —, que é impossível tirá-la da cabeça das pessoas. E se vissem algo que chamam de aparição , a seguiriam sempre, na esperança de ouvi-la bater no chão com um pé, e depois desaparecer; e se isso realmente acontecesse, as pessoas não deixariam de cavar até o centro da Terra, se pudessem, na esperança de encontrar um pote de dinheiro ali escondido, ou alguma velha urna com cinzas e medalhas romanas; ou, em suma, algum tesouro considerável. Um cavalheiro rural tinha uma casa antiga, que era o que restava de um antigo mosteiro — ou casa de religiosos — arruinado, e resolveu demoli-la. Considerou, contudo, que as despesas altas demais para que pudesse custeá-las. Pensou, então,

VALSA FANTÁSTICA - Conto Clássico de Horror - Afonso Celso

Imagem
  VALSA FANTÁSTICA Afonso Celso (1860 – 1938)   No arraial do Salto Grande, Bahia e Minas se extremam. Pequena e triste a povoação. Três ruas acanhadas — casas baixas, caiadas de tabatinga, telhas à mostra, nuas de forro e de assoalho, raquíticas —, lembrando, vistas de longe, pontos de giz em lousa escura. Raros transeuntes vagueiam. A trechos, pastam bois fulvos — grandes e impassíveis —, abanando a cauda com tédio, circunspectamente. Amarradas aos portais, mulas seladas esperam os cavaleiros. Zumbem-lhes moscas amareladas ( mutucas ), em torno do pescoço, das orelhas, das ancas, às tontas, num sussurro morno, pulverizando o ar de pequeninas manchas movediças. Surde um vaqueiro: — monta a cavalgadura de um salto. Veste de couro, pistola à cinta, nos pés largas esporas tintilantes. Soa o estalo do rebenque. E o animal se afasta, pausado, grave, ritmicamente. Ecos de palestras lânguidas vibram com moleza. Bandos de pintainhos felpudos, guiados por galinhas obesa